quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Poemas de Pedro Du Bois


ULTRAPASSAGEM

Ultrapasso
a mediocridade inerente
ao tempo: discorro
sobre o tema
           arbitro
sentenças e ouço na música
os compassos derradeiros.

Vergo a madeira
em extremo gesto.

A forma na conformação
              da hora ultrapassada
              em proezas. Ouço
              o recado e o apago.
 
(inédito)
 


VÍRUS

O vírus vive (morre) onde ataca. Destaca
a fragilidade aberta ao contato. Vivencia
o ato da disputa: o revés não o aniquila.
Feito paciente no horário determinado.
O corpo não permite ao vírus a entrada.
Cede no cansaço de anos de batalha.
O vírus permanece na oportunidade.
 


PAIXÃO

a paixão devora olhos e corações
de épocas e sentidos com que
passamos horas e dias frios
para chegarmos a esse tempo
e encontrarmos o vazio
de não havermos encontrado
a pronúncia exata das palavras
na maneira certa de dizer
estamos aqui e a paixão
permanece em nossos olhos
embaçados em lágrimas
de reconhecimento
como naquelas horas
e como serão em futuros
tempos de mãos entrelaçadas

chegamos sem esquecer e sobrecarregamos
a memória e as lembranças com as imagens
nas músicas em altos sons
       e perguntas presas
    em gargantas curtas
   de desejos e secura

a nossa história recortada em quadros
passados lentamente entre as lentes
dos óculos que usamos e nos servimos
para enxergamos o que não vimos cedo

estávamos cegos em blindagens jovens
e tínhamos a certeza de que as incertezas
seriam dos caminhos as trilhas e as armadilhas
que não nos pegariam na passagem

essa paixão extravasa a hora
fôssemos pessoas espiando
o lado de fora de cada um
meros espantalhos em hastes
de empregos e desesperanças
de que tudo termine logo após
o instante em que os corpos
se desencontrem

somos mais que paixões ardentes
dos dentes cravados das serpentes
ávidos pelo fim da história.
 
(Pedro Du Bois, inédito)
 

2 comentários:

Pedro Du Bois disse...

Gratíssimo, desde sempre, pela divulgação dos poemas. Abraços e bom 2014 para todos. Pedro.

luis santos disse...


Caro Pedro
Bom Ano!
Abraços.